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O carro andava a alta velocidade. A paisagem que aquela
menina gosta tanto de apreciar, hoje passa por ela rapidamente, mal dá para
perceber, a lagoa, o rio, as árvores e os pássaros que voam. Dentro do carro
o motorista dirige mecanicamente e ela e sua mãe preocupadas se entreolham. O casal
que viaja na frente, sua irmã e o marido brigam trocando palavras grosseiras e
desabafos guardados por muito tempo. Uma música toca no rádio, mas ninguém a
ouve, apenas torna todos aqueles gritos mais insuportáveis. A menina nunca
havia presenciado uma cena daquelas e estava assustada, com um olhar
suplicante olhava para a mãe aflita que teme se intrometer. Em certo momento sua irmã
abre a porta do carro em movimento para se jogar na estrada e por um breve
momento seu corpo se projeta para fora do carro instalando o pânico. Entre
gritos e súplicas conseguem puxá-la para dentro do carro que fora parado
bruscamente. Houve choros e soluços intercalados por longos momentos de
silêncio. Nada mais havia para ser dito.
A viagem chegou ao seu fim, um trajeto que não era tão longo, hoje
pareceu durar uma eternidade e a bela casa surgiu depois da curva entre muitas
árvores. A tarde caía e o pôr do sol emoldurava aquele belo e triste cenário. A
casa de paredes grossas ficava no alto e possuía vários degraus de acesso,
possuía também amplos cômodos bem decorados e era cercada de um lindo jardim. Hoje
parecia silenciosa à espera para acolher seus desafortunados moradores. Ao ver o
carro se aproximar, os filhos ainda crianças, inocentes sem nem se aperceberem do
que havia ocorrido, correm para receber os pais com um abraço. Foi um triste
retorno ao lar.
O silêncio se fez nos atos seguintes. À noite, sozinha em
uma ampla sala iluminada apenas por um abajur a jovem esposa joga seu corpo no sofá e
pensativa percorre todo aquele cômodo com o olhar que recai sobre a mesinha
cheia de fotografias de bons momentos, lembranças congeladas ali para a
eternidade. Ela levanta e pega uma foto, nela dois jovens felizes estão
vestidos de noivos, ao olhá-la por alguns instantes rolam lágrimas de seus
olhos, ela retira a foto do porta retrato e lentamente a rasga. Um choro que
parecia estar contido é convulsivamente liberado parecendo querer exorcizar
todos os maus momentos. Ela levanta a cabeça, havia decidido, não queria mais
aquela vida, não iria mais sofrer!
Nossa Valéria!!! Que texto maravilhoso.
ResponderExcluirEu me vi na pele da personagem, pq tbm passei por algo parecido.. eh mesmo muito difícil livrar-se dos nossos momentos, principalmente qndo vivemos coisas q naum queríamos q acabassem nunca. Temos que ser fortes para superar, dar a volta por cima e voltar a ser feliz.
Bjus, querida!!!
Desconfortável testemunhar a dor de quem se ama. Dolorido fazer descobertas de forma trágica. Solitário, sempre, o momento de confrontação entre o que acreditávamos real e o que descobrimos ser a realidade: tem mesmo que ser a sós. E materializar a descoberta rasgando, destruindo, gritando que seja, fortalece para o próximo passo.
ResponderExcluirMuito bom!
Bjsssssssssssss, quérida!
Do que eu gosto é ver seu nome nos comentário e ler suas doces palavras. Obrigada, o que vc me faz é demais de bom. ando triste e carente! Seu conto é triste, muito triste também. É de chorar! Beijão e bom feriado!
ResponderExcluirChega um momento em que a razão se sobrepõe a tudo. É aquele em que se faz uma análise e uma opção.
ResponderExcluirCreio que muitos já passaram por situações semelhantes à que descreveu em seu texto. E abaixaram a cabeça, pelo medo do recomeço. Outros, porém, cansam-se da desilusão e fazem uma escolha por si mesmos.
Bjs.
Puxa, que maravilhoso conto! Tão real tantas vezes. E que bom que ela, ao final de tudo, viu que não adiantava casa linda, carrão, sem amor.Ela não queria mais aquilo.Teria que mudar e sair dessa!! Adorei! beijos,chica, lindo feriado!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTriste e doloroso confrontar com as escolhas que decidem osa camihos.
ResponderExcluirMomentos de desespero, sofrimento e reflexão para fechar portas que trazem o mal.
bjs
Aprecio muito seus comentários. Sem percebermos vamos tecendo fios cotidianos e que quando se rompem nos deixam saudosos , como é o caso do amigo Cacá.
bjs
Olá Valéria
ResponderExcluirO conto é lindo!
Se vc tiver facebook, venha interagir conosco no grupo AMIGA DA MODA.
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Oi Val!!!
ResponderExcluirA vida é surprendente, ilusões, desilusões, momentos felizes, momentos tristes, por mais que tenhamos o controle da vida acontecem coisas que não estavam no script. Mas assim caminha a humanidade, adorei o final quando ela diz que tomou a decisão de que não iria mais sofrer.
Bom feriado e uma ótima semana!!!
Bjs :)
Tantas e tantas histórias de amor que se acabam assim, Valéria.
ResponderExcluirNem sempre com essas tintas, mas o final do que parecia ser um vida de sonhos.
Todo aor devia durar para sempre, ainda mais quando há filhos envolvidos.
Beijo!
Que triste, Valéria...
ResponderExcluirMas isso é tão comum, tanta gente sufocada....
É a vida, com seu vai e volta, altos e baixos....
beijos, e ótima semana!
Amor é vida e sem amor náo se vive uma vida...
ResponderExcluirBeijo Lisette.
Valéria,
ResponderExcluirQue narrativa envolvente!
Há momentos na vida que temos que fazer escolhas importantes,
ainda que delas resultem respingos de dor nas pessoas envolvidas, mas ninguém merece uma vida de sofrimentos quando sempre existe uma porta para o encontro da paz e da felicidade.
Ótimo feriado.
Beijos.
Valeria,muito lindo seu conto e com final que nos dá esperança!Gostei muito!bjs e bom feriado!
ResponderExcluirOI VAL!!
ResponderExcluirQUANTAS PESSOAS VIVEM CASAMENTO DE APARENCIA?
O AMOR ACABA E PERSISTEM EM MANTER UM RELAÇÃO A CUSTO
DE MUITO SOFRIMENTO.
MOMENTOS BONS NEM RUINS SÃO ETERNOS.
E AS VEZES É MUITO MELHOR TOMARMOS A DECISÃO POR FIM A ALGO QUE JA NÃO TRAZ MAIS FELICIDADE.
SOZINHOS PELO MENOS TEMOS A CHANCE DE ENCONTRAMOS ALGUEM QUE NOS AME E RECOMEÇARMOS.
PARABENS PELO TEXTO.
BJS
Chega um momento na vida da gente em que é preciso coragem para tomar uma atitude destas...É preciso estar ciente de que, toda a liberdade que se almeja tem um preço. Mas como na vida nada é de graça, vale a pena pagar!!!! A paz de espírito não tem preço!
ResponderExcluir,Beijão
Oi Valéria,
ResponderExcluirSeu conto é de uma realidade muito triste e muito frequente.
Ainda bem que a esperança existe.
Parabéns pelo belo texto!
Beijos.
Oi, Valéria!
ResponderExcluirTô gostando de ver sua performance em contos. Parabéns, você escreve muito bem!
beijos cariocas
Valéria querida! Gosto demais desses seus textos bonitos que deixam uma dúvida sobre 'ficção ou realidade'. Acho que já te falei isso. Esse foi muito bom! Parabéns! Bjos
ResponderExcluirValéria
ResponderExcluirTriste desfecho no maravilhoso texto.
bjs