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Naquela bela fazenda de grandes e verdes pastos a grande
casa era cercada por muitas árvores de tamanhos variados que lhe acentuava um
ar bucólico. A casa ficava no alto e para se chegar a ela era preciso subir
vários degraus. O alpendre na entrada da casa era cercado por um belo jardim,
mas não tão bem cuidado. Uma variedade de pequenas e coloridas flores davam
boas vindas a quem chegava e entre elas as ervas daninhas teimavam em procurar
ofuscar estas belezas. Todos os outros alpendres que a rodeava não possuíam
degraus, só as altas paredes do alicerce que lhe emprestavam certa imponência e
um certo perigo, lá crianças não podiam brincar, era uma regra dos adultos.
Correr pelos grandes cômodos daquela casa era uma das brincadeiras preferidas das alegres
crianças que lá moravam. Salas imensas e bem decoradas não eram apinhadas de
móveis e eles podiam ali circular livremente. A grande mesa de jantar servia
também de mesa para jogos animados de ping-pong onde eles mesmos em tenra idade
tentavam jogar.
O dia começava e terminava com a festa da retirada do leite
das vacas que eram sorvidos ali mesmo no estábulo entre sorrisos e
brincadeiras. Dali em diante o tempo era destinado só a brincar, de carroça, de
cavalo de pau, tomando banho no riacho que cortava a fazenda, de tica-cola com
os filhos dos trabalhadores, era uma vida simples e cheia de magia e o tempo
era curto para tantas descobertas.
Nas noites de lua sentar naqueles alpendres para ver a lua e
as estrelas era um momento ímpar, onde as brincadeiras de adivinhações eram
sempre bem vindas, vez por outra um ou outro corria a tentar pegar os vagalumes
que com suas luzinhas brincavam de esconde-esconde com a noite. Em noites mais
frias eram montados pequenos palcos iluminados à luz de velas na grande sala de
estar para apresentação de teatro de fantoches o que prendia toda à atenção
daquelas crianças com mente fértil e cheia de fantasias.
Naquela grande casa,
de pé direito duplo e paredes grossas não possuía ainda luz elétrica, o que a
tornava cheia de mistérios quando a noite chegava e se faziam grandes sombras
provocadas pela luz das velas a cada vez que alguém andava por seus cômodos. E,
no entanto aquelas paredes embora sempre bem pintadas e fortes o que sugeriam
segurança encobriam segredos, pelo menos para aquelas crianças. Os mais velhos
não permitiam a ida delas em alguns de seus cômodos, inclusive também na velha
caixa-d’água desativada que existia ao lado da casa e vivia de portas sempre
cerradas estimulando mais ainda a curiosidade das crianças que teimavam em
circular ao seu redor, mas sem nunca ousar transpor aquelas portas. Nas
confusas lembranças deles, embotada pela fantasia alguém morrera ali, de uma
frase perdida ali, outra sussurrada acolá eles na sua inocência ignoravam a
tragédia que deixara aquela casa e seus moradores com um ar de melancolia, de
saudade. Ali o dono da casa tinha posto fim a sua vida, um acontecimento triste
e traumático que não fazia parte do imaginário daquelas crianças que alheias a
estes fatos coabitavam seu mundo de fantasia onde a vida não passava de uma
sequência feliz de acontecimentos. Era mesmo uma festa cada nascer do sol.
Uma ótima semana para todos!
Uma ótima semana para todos!
Que bom que estas crianças só aproveitavam o lado bom dessa casa, ignorando os mistérios de tristeza e melancolia que a cercava...ficção ou não...qual a moral da história? exatamente esta, estarmos alheios aos fatos que não nos trazem felicidade, e fazer disso uma constante...
ResponderExcluirLindo texto, parabéns!
Lindo,Valéria! E quantas fantasias passavam nas cabecinhas das crianças ao ver a porta proibida e os "falares" por lá! Linda descrição da casa e situações.
ResponderExcluirAdorei!Gosto de te ler! beijos,chica, linda semana!
Adorável seu conto querida, fui imaginando cada cena. Apesar da aura de mistério de alguns cômodos, era um lugar de muita alegria, companheirismo, um acolhimento gostoso entre os que por ali viviam e passavam.
ResponderExcluirBom dia e feliz semana amiga, beijinhos
Valéria
Bom dia,Valéria!!!
ResponderExcluirUm conto lindo,minha amiga!!!
Uma casa cheia de vida, cheia de histórias!
Beijos!!Ótima semana pra ti!
Lindo conto amiga, mas que pena que o morador, dono, tenha dado fim à sua vida ali, pois um acontecimento assim, marca para todo o sempre, as pessoas e o local.
ResponderExcluirum beijo carioca e boa semaninha!
Olá, adorei a visita!!!
ResponderExcluirBoa semana pra ti!!!
Bjs do Neno
AMEI ESTE SEU CONTO..NARRATIVA QUE PRENDE DESDE O COMECO!!
ResponderExcluirParabens..
Um beijo e boa semana!!
Realmente o que importam são os lindos amanheceres, poder ver o sol nascer sempre, numa casa grande ou pequena... Amiga, que delícia ler esta narrativa tão bem detalhada e cheia de emoções. Grande abraço
ResponderExcluirTodas as grandes casas antigas têm sua história. Nem sempre ela contém, apenas, alegrias. Mas para as crianças, esse mistério desenvolve a imaginação, sem assombros. Podem se embrenhar no que existe de belo e levar, vida a fora, maravilhosas lembranças. Linda a forma como desenvolveu seu conto.
ResponderExcluirBjs.
Lembrei da casa de vó, tão cheia de corredores e mistérios, as vozes que apenas sussurravam e as sombras das lamparinas nos oratórios que dava um arrepio quando íamos de um comodo a outro. O quarto de tio Odílio que só olhava com medo, o tio Alcides que era mistério puro. hoje o velho casarão de uma a outra rua não mais existe, mas ainda povoa minhas noites insones.
ResponderExcluirAi, querida Valéria, assim não vale!!!
ResponderExcluirPasseei pelos jardins, pelas varandas, brinquei com as crianças pelos cômodos, assustei-me com os pés de conversa, imaginei coisas, muitas coisas e... que raio de homem foi esse que se matou???? rsssssssssssssssssss
Isto não se faz com uma mulher na minha idade! rsssssssssss Quero saber do resto! Conta, vai, continua, faz em capítulos feito novela! Pleaseeeeeeeeee! rssssssssss
Bjsssssssssssssssss, quérida!
Oi Valéria,
ResponderExcluirA descrição da casa e até mesmo a história, me fez lembrar das grandes fazendas do almeida prado em Jaú.
Beijos 1000 e uma semana maravilhosa para vc.
www.gosto-disto.com
Ei Valéria
ResponderExcluirVocê é uma super escritora, linda história.
Velhas caixas d'água me provocam arrepios, lembram-me uma da minha infância numa fazenda aonde nasci e morei até 19 anos.
Muito boa.
Beijo.
Bonito o conto e passeio pela fazenda encantada pela pureza infantil.
ResponderExcluirbjs
Ei, Valéria,
ResponderExcluirVocê está arrasando nos contos, hein?
Sua capacidade narrativa é excelente. A descrição é tão perfeita que nos leva a acompanhar cada cena.
Bem envolvente!
Parabéns!
Beijos.
PS: Assim que minha lembrança chegar eu aviso, ok?
Obrigada!
Acho que as crianças precisam saber o máximo de verdades desde cedo, mas também me parece ótimo que os pequenos sejam poupados de algumas coisas, para que possam ser inocentemente felizes nos primeiros anos de vida - os únicos em que isso é plenamente possível. Thanks por me transportar pra esse lugar bonito logo cedo.
ResponderExcluirBjos
O bom é que, esses lugares ficam marcados com as boas lembrancas, se existia algo de ruim passa despercebido, ou nao é o que marca... parece que a infância tem esse poder desmedido de fixar o que é bom, enquanto que na vida adulta temos que tomar o máximo cuidado de nao fixar só o que é ruim rs
ResponderExcluirGostei!
Lembro da minha infância que existia sempre um mistério pairando...e deixavam que nossas mentes aguçassem fantasias,seja de medo ou alegria.Viver é assim.
ResponderExcluirmeu beijo Val...
como eu gosto de ler sobre a casa grande.... a grande casa... é um retorno a infância, as lembranças... muito bom. obrigado abraços lamarque
ResponderExcluirOlá Val!!!
ResponderExcluirA grande casa parece um lugar de sonhos que faz viajar no tempo com belas memórias e recordações tão agradáveis.
Concordo plenamente com o que você falou lá no comentário do meu blog, sobre o desrespeito e a ânsia do ter, ter, ter... você tem razão, acho que o pior de tudo é mesmo a ganância além dos limites.
Uma ótima semana!!!
Bjs :)
Valeria,perfeita sua descrição!Foi como uma viagem no tempo!Lindo texto!bjs,
ResponderExcluirJá li muito Gilberto Freyre, Manuel Bandeira e outros autores falando sobre a Casa Grande! Quantas estórias encerradas ali, dentro daquelas paredes!!!
ResponderExcluirSegredos, alegrias, festas, maldades, intrigas, reuniões familiares, brigas, ternuras, amores, etc..etc..
Que inspiracao amiga!
ResponderExcluirExcelente final de semana!
Bj Sandra
http://projetandopessoas.blogspot.com//
Valéria
ResponderExcluirUm conto de grande beleza que descreveste com detalhes que me prenderam. Casa grande sempre guardam mistérios, segredos que aguçam a curiosidade , como na minha infancia.
Beijos.